domingo, 1 de junho de 2008

Para pensar no jornalista hoje e no futuro

Sim... presumo que, pelo menos por mais este post, falarei sobre a profissão que escolhi seguir e deixo já avisado que não me arrependo dessa escolha: ser jornalista!

Durante a faculdade os alunos do curso de jornalismo são incitados a promover mudanças sociais, provocar o debate de temas que sejam de interesse público; e isso deve ser feito mediante todas as técnicas aprendidas: pauta, apuração, entrevista, redação, etc.

Logo evidencia-se a idéia de que o trabalho de um jornalista profissional é escrever sobre a sociedade e para a sociedade, sempre com produtos inéditos e de sua própria autoria. Afinal, apesar de tantos manuais de redação, o jornalista sempre coloca o seu ic et nunc no seu texto, quando opta por ressaltar essa parte ou diminuir a outra.

Ao folhearmos os jornais impressos de Mato Grosso do Sul, e não são muitos que devam ser folheados, nos deparamos com poucos bons exemplos onde o nome do jornalista é explicitado na matéria dando o crédito ao mesmo. Na maioria dos jornais o termo "Da Redação" é comumente usado, o que, acredito eu, tira o mérito do trabalho dedicado para aquelas letras impressas e compradas pelo leitor.

Essa semana lendo um livro do jornalista Wilson da Costa Bueno (Jornalismo, Comunicação e Meio Ambiente), que por sinal é muito legal, me deparei com um termo novo ainda não apreendido na academia por este mero estudante. Salta aos meus olhos a palavra "publieditoria" e me faz pensar sobre essa tática aqui no Estado. Publieditoria são aquelas matérias que tem como função principal divulgar uma empresa, uma ação, um interesse específico e, pior ainda, é frequentemente utilizado através do ctrl+c ctrl+v de releases das assessorias de imprensas ou das agências de notícias especializadas e preocupadas com a cobertura jornalística sobre determinado tema.

Sabendo então sobre esse novo termo, para mim, vejo um exemplo claro de um jornal local que comete esse tipo de facilidade. Trata-se do jornal O Progresso que tem sua sede em Dourados e se "preocupa" em cobrir o interior do MS. Uma rápida olhada por suas páginas e um número absurdo de matérias trazem títulos como:
1- Prefeito de Caarapó inaugura sala de aula
2- Empresa de papel dobra lucro em 2007

Ok, esse é um dos casos que eu queria mostrar, através dos releases das assessorias dos órgãos públicos ou de empresas privadas. Já um segundo caso é referente akelas pautas ou sugestões de pauta enviadas por órgãos preocupados com a cobertura jornalística local. Uma experiência própria, já que trabalho em uma ONG que trata da criança e do adolescente na mídis, me fez ver que o copiar e colar é usado descaradamente. Nós enviamos uma sugestão de pauta para os veículos de comunicação do Estado para que cobrissem e fizessem matérias relacionadas ao assunto. No dia seguinte o jornal Folha do Povo publicou a sugestão de pauta na íntegra, mudando apenas o título. Pelo menos tiveram o trabalho de pensar em um novo título.

Lembro aqui que esses são apenas exemplos específicos para ilustrar e esclarecer o que eu tento evidenciar aqui.

O profissional de jornalismo atual tem preguiça de escrever e apurar ou isso pode ser considerado falta de profissionalismo? Isso também pode ter outras causas diversas, das quais me privo de ficar enumerando. Essas cópias desenfreadas e publieditorias tiram características intrínsecas dessa profissão como o comprometimento social e a isentabilidade financeira na hora da produção. As publieditorias fazem das matérias jornalísticas mais um espaço para o marketing, a publicidade e a divulgação de interesses específicos. A não realizam de matérias prórpias e cópia de produto alheio com um simples "da redação" é apropriação indevida de material feito por terceiro. Dá até processo.

Me pergunto se os profissionais dessa área, daqui uns 30 anos, vão precisar ter um senso crítico outro além de simplesmente selecionar o que será divulgado no seu veículo.

Ponto Final... espaço para reflexão nos comentários...
Agora as notas!

-post gigantes... faz tempo que não faço isso
-milhares de coisas para fazer... artigo... estágio... faculdade...
-entrega do projétil divertida... quero mais
-o que só eu e você sabemos... o que da nossa vida nós fazemos (let me think about it)
-deixa rolar!

8 comentários:

Fernanda disse...

É Jeff, é bem frustrante ver o ctrl c+ctrl v diariamente nos jornais. Eu me pergunto o que essa gente que faz isso aprendeu na faculdade, ou aprendeu na vida. Não sei se é por falta de tempo, afinal o tempo dele (do jornalista) é pago para que ele apure, escreva e edite, e se nem isso ele está fazendo é pq há uma inversão de valores muito estranha na área, hoje. Sim, às vezes é bem frustrante tomar conhecimento dessas coisas, mas pé no chão nessa profissão é primordial assim como 'voar' às vezes...
Bom texto querido...

Gisele Regina de Azevedo disse...

Jefferson, que coisa boa esses seus textos, home di Deus!!!
Você tem a veia inquisidora, investigativa dos grandes jornalistas. Tome umas pingas, mande a deprê embora, conclua a facu logo e caia na vida de vez...
Ah, e quanto à facu, é isso aí: se não mudarem o jeito de ensinar continuarão criando minhocas inúteis na cabeça dos alunos. E tem outros métodos muuuuuuuuuito melhores, creia nisso.
Virei fã de carteirinha, vou te ler todo santo dia.
Mas só se vc prometer que toma as pingas, tá bão???
E que continua escrevendo, claro.
Bj no dedo mindinho,

Anônimo disse...

Jeff... tá parecendo um artigo esse texto! Enquanto lia, parece que eu ouvia vc falando... hehehe... parabéns, ficou ótimo.
Beijos.

Pâmela disse...

Sim, concordo, Jeff, a coisa é mesmo feia no mercado de trabalho.
E ou você joga o jogo deles ou rua. É foda achar que podemos mudar o mundo.
Mas, ao mesmo tempo, acredito que meia dúzia de profissionais engajados (leia-se: provavelmente, recém-formados) possa fazer a diferença no mercado. Estamos saindo com TUDO, Jeff. Temos tudo para mostrar pra esse bando d jornalistazinho de redação o que é JORNALISMO de verdade. Passar o dia todo com sem terra, fazer pesquisas exaustivas sobre pedofilia, dar o sangue pela verdade e pala informação, pela denúncia. Teremos o mundo nas mãos, só precisamos escolher de que lado vamos ficar: do jornalismo ou do grande mercado.
(Não sejamos maniqueístas achando que podemos dividir tudo em Bem e Mal, mas acho que podemos generalizar hoje).
Beijos!

Fernanda disse...

Pára de preguiça e posta coisa nova guriiiiii...
ahahahahahahahahaha

Um beijo cara de queijo

Gisele Regina de Azevedo disse...

Posta logo, vai...
Bjux

Teff disse...

Posta maaaaaaais!!
=D

Fabricio¨ disse...

Bom ler isso, mesmo. Precisamos filosofar mais sobre assuntos como o deste post (de preferência com as pingas sugeridas por essa sua amiga aí de cima, rs)